25 outubro, 2012


Pela manhã logo cedo ligo minha televisão e faço uma viagem pelos canais que me levam a observar aquele fenômeno – milhares de pessoas lotam templos neopentecostais. Tudo gira em torno de promessas de um deus maravilhoso que resolverá todos os problemas se você pagar bem. É no mínimo intrigante tal fenômeno.

Paro um pouco e reflito sobre a sinceridade de cada pessoa ali presente. São mulheres, senhoras, mães e avós de famílias, homens de bem, trabalhadores, na maioria pobres. Gente simples buscando um deus que aprenderam existir sobre tal face, a do provedor. Em outro canal, outra igreja, milhares de pessoas, buscando o deus sofrido na cruz, pela via da penitência salvar-se do pecado. São tantas buscas, tantos rostos para Deus.

Ainda na manhã desse dia saio para almoçar e decido ir para um lugar por mim ainda não visitado. Uma barraca ao pé do mangue visitada por pessoas pobres, simples. Uma gente sofrida revelada nos faces enrugadas e com pouca beleza. Nenhum corpo escultural, tatuagens mal feitas, crianças visivelmente mal alimentadas. Nada parecido com outro lugar que tinha ido semana anterior. Ali contemplei a beleza do feio.

À noite na reunião dos do Caminho, ali sentado em minha cadeira, observo cada um que chega. Uma família que vem de longe, pessoas simples, uma mulher com seus filhos, seu marido, e sua mãe de cabelos brancos. Depois um casal bem vestido, e outro, e depois outro. Até que entra um jovem com sua garrafa de vinho e suas brincadeira muitas vezes fora de hora, e pensei em tudo que vivi e vi naquele dia.

Como fundo de minha fala tocava uma música que eu sem saber perguntava sobre o rosto de Deus. E ali pensei, e se Deus fosse feio, fosse negro, fosse mulher, fosse pobre, fosse sujo, fedorento. Se entre todos nós naquela noite fosse justamente aquele jovem com cheiro de bebida como me comportaria? Se Deus fosse como qualquer um de nós? Não como as pinturas das belas telas. Não como o poderoso ou o piedoso das igrejas. Se fosse apenas como um homem marcado pelo dia a dia, será que os templos estariam lotados? Continuaria acreditando nele?

Pode parecer absurdo minha indagação, mas não é isso que nos ensina o símbolo da encarnação? Se Deus fosse a cara do indesejável em nossas mesas?  Se fosse um pecador, nascido em área pobre, de família pobre, sem formosura, sem atrativos, apenas um simples trabalhador, sem educação formal, sem bom cheiro, eu iria desejá-lo?

Se em vez de um rei apenas um carpinteiro iria de fato adorá-lo?

Hoje amanheci apaixonado pela face feia de Deus.

Ivo Fernandes
22 de outubro de 2012

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SOMENTE EM CRISTO DEUS PODE SER DISCERNIDO COMO AMOR

25 setembro, 2012



Não é possível conhecer a Deus em um vínculo de confiança sem iluminação da Graça.

Na Natureza... em toda a sua grandeza e maravilha... se pode conhecer — pelas impressões causadas pela beleza, pela harmonia, pela complexidade simples, pelo estranho testemunho do Existir das coisas — a certeza de que Deus é impossivelmente necessário ao sentido do Universo.

Porém, pela Natureza, chega-se apenas ao “crer em Deus” como Algo, não como Alguém que é Amor.

A Natureza dá testemunho esmagador de Deus como Necessidade ao Sentido do Existir. Mas dificilmente alguém vai além disso...

Por isto as crenças em Deus que não vêm da Revelação de Deus sobre Si mesmo não passam do Fato/Fator/Deus.

Sim, pois como aos sentidos humanos a Natureza parece ser Impessoal, o máximo que se depreende de tal encontro com Deus na Natureza leva a mente humana ao mais puro budismo, mas não cria a consciência de que Deus é Pessoa, é amor.

Como diz Paulo em Romanos 1 [...] a Natureza tem o poder de acabar com a idolatria de si mesma quando se a percebe como criação divina. No entanto, tal percepção não enternece ninguém, sem uma revelação adicional e pessoal, ao ponto de conduzir alguém a um vinculo com o Alguém/Amor.

Daí a revelação de Deus aos Hebreus ter sido tão especial e divina. Sim, pois onde quer que a divindade seja uma pessoa, em geral surge o politeísmo como decorrência da pessoalidade do divino.

Um só Deus e que seja também Pessoa absolutamente Única e Amorosa em Verdade e Justiça Misericordiosa e Imparcial, somente nos alcança se algo para além de nós mesmos se manifestar.

Do contrario, na ideia da divindade pessoal surge a pluralidade que decorre da projeção das nossas pessoalidades, e, assim, Deus se torna deuses...

Sem a revelação de Deus sobre Si mesmo, toda ideia humana sobre um deus/pessoa conduz invariavelmente à idolatria das pessoalidades tão múltiplas quanto as nossas projeções dos humanos, surgindo assim os deuses de projeções de pessoalidades.

Daí tais deuses serem sempre iguais a nós, carregando nossas ambiguidades e ambivalências...

Quando chegamos a Jesus — Eu e o Pai somos um — temos algo tão para além da compreensão..., que não nos é possível compreender por meios próprios. Sim, por todas as razões DEUS EM CRISTO é um absurdo, mas, sobretudo, pelo fato que Esse que Encarna Deus, Ama com uma paixão sem romance; ama em espírito, a tal ponto que Nietzsche disse ter lido os Evangelhos e não ter encontrado alma humana em Jesus, posto que buscasse também a projeção do humano, conforme ele, Nietzsche, entendia o homem a partir de si mesmo...; e, por tal olhar, ele não encontrou em Jesus o que julgasse que seria uma alma, ou seja: a passionalidade e a parcialidade do amor conforme nos humanos.

Entretanto, até mesmo olhando para o Jesus da História, não se encontra Deus, mas a beleza do Homem, do Filho do Homem.

É a revelação direta do próprio Deus ao coração humano, de modo a não ser explicado, o que pode trazer-nos ao entendimento que transcende as lógicas, e, assim, gerar a certeza de que Deus estava em Cristo.

Sim, somente assim Jesus vai além do Filho do Homem e chega a ser para o homem o Filho de Deus, na perspectiva de que o Pai e o Filho são Um.

Entretanto, crer no Filho do Homem, segundo Jesus, põe aquele que assim veja a Jesus [...] no Caminho de abraçar o amor de Deus no amor que devote aos humanos, e que fará aquele que assim haja na vida um dia ouvir: “Entre, bendito do meu Pai, pois tive fome e me deste de comer”...

Nesse caso, a imanência de Deus no Filho do Homem leva o homem a transcender na pratica da imanência do amor do homem pelo homem, na vida.

Quando, porém, se discerne Deus em Cristo, se transcende num nível de consciência e deliberação lúcida que gera intimidade relacional com Deus.

Assim, sem humanidade de Encarnação, é impossível aos humanos discernirem qualquer coisa do amor de Deus na perspectiva de que Deus é Amor.

Sim, pois mesmo na Antiga Aliança, a ênfase não era no amor de Deus, mas sim na Sua Justiça e Verdade.

É em Cristo Jesus que Deus é Amor, e tudo mais decorre desse Amor!

É também no mistério da fusão de Deus no Filho do Homem e no Filho de Deus, que Deus é amor para nós, e sem lugar para a idolatria, por mais próximo do humano que tal fato faça Deus se tornar.

É a revelação da Absoluta Singularidade de Jesus o que acaba com a idolatria.

Pense nisto!

Caio Fábio

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